A Voz da Consciência Está
Ao Nosso Alcance o Tempo Todo
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
O Sofrimento é Uma Questão de Hábito
 
 
 
* Na secreta correlação simétrica entre outono e primavera, o equilíbrio é encontrado. Há uma paz oculta essencial em ambas estações. O plantio e a colheita, o nascimento e a maturidade, são momentos do ciclo da alma.
 
* Na primavera brasileira de outubro, floresce a potencialidade. No outono da Europa lusófona, há o momento da realização. Depois vem o auge do verão e do inverno, nos dois lados da Terra. A cada mês, à medida que o Sol faz o seu ciclo (e Hércules realiza os doze trabalhos), os dois hemisférios se compensam e complementam tanto espiritual como materialmente.
 
* Não é preciso consultar o relógio. A qualquer instante podemos buscar em nosso próprio interior a mais alta orientação espiritual. E ela afastará ilusões negativas, e reforçará a ligação com o ponto central da nossa existência.
 
* Cada um tem os seus motivos para consultar várias vezes por dia a voz da sua consciência.
 
* Por definição, o nível mais alto de percepção de que disponho está sempre ao meu alcance, uma vez que eu tenha a determinação suficiente para consultá-lo. E ele é suficiente, e ele se aprimora com o uso. A influência da voz da consciência leva para longe o que não tem valor. Através desta prática aparentemente simples, todos podemos aumentar a qualidade do dia e garantir a autenticidade do esforço.
 
* O maior patrimônio de um povo está na sua relação interna com o que é infinito, e em sua capacidade de ver a vida desde o ponto de vista das eternidades. E isso ensina modéstia. A verdadeira riqueza de um indivíduo é aquilo que o liga à sua própria alma imortal, e que lhe permite – entre muitas outras coisas – perceber e lembrar da presença da alma imortal nos seus semelhantes. A ligação com a alma traz o contentamento, torna o indivíduo feliz, estimula a boa vontade, e ensina a arte da ajuda mútua.
 
* O sofrimento, assim como a felicidade, é uma questão de hábito.
 
* Subconscientemente, o masoquista ataca os outros como meio de garantir a represália contra si e deste modo perpetuar a sua própria dor. Esta “satisfação”, porém, é doentia. Se os seres humanos gastassem menos tempo lamentando-se, criticando uns aos outros ou disputando poder e prestígio, poderiam empregar mais energia em estimular o que há de bom e correto em si mesmos e nos outros. Isso faria com que o bem-estar de todos se multiplicasse num círculo virtuoso iluminado.
 
* Há um nível de dor que faz parte do ato de estar vivo; porém apegar-se à dor desnecessária é pouco inteligente. O hábito de estar contente com a vida é saudável. Ele reforça a saúde, produz felicidade e anda junto com a sabedoria.
 
* Jean des Vignes Rouges escreveu: “Não há fronteira definida entre o homem que eu sou e o personagem social que eu pareço ser; este último, que resulta das minhas escolhas, se baseia pouco a pouco sobre o primeiro; mas, pelas escolhas, a minha vontade se afirma.”
 
* E JVR prosseguiu: “Pergunta: Ao esculpir o teu próprio personagem com tantos esforços, tu tens certeza de que criarás um homem superior ao que seria formado pelas circunstâncias, pela pressão social e pelo acaso? Resposta: Mas, pelo fato de que a minha obra arrisca ser imperfeita, deveria eu avançar direto para o nada?[1]
 
* La Rochefoucauld (1613-1680) abordou em uma frase a luta constante entre a aparência e a realidade. Disse ele: “Há uma infinidade de condutas que parecem ridículas, e cujas razões ocultas são muito sábias e muito sólidas.” [2]
 
Pequena Ação Prática
 
* Reveja o texto acima. Registre em um caderno de anotações aquilo que chama atenção no seu momento atual. Comente com os amigos. Quando acendemos uma luz que beneficia os outros, quase sempre somos nós os mais beneficiados.
 
NOTAS:
 
[1] Do livro  “Dictionnaire de la Volonté”, de Jean des Vignes Rouges, Éditions J. Oliven, Paris, 320 pp., 1945, p. 226.
 
[2] “Maximes”, La Rochefoucauld, Classiques Garnier, Bordas, Paris, 1992, 682 pp., ver p. 42. Trata-se do pensamento 163 da edição de 1678.
 
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O artigo “Ideias ao Longo do Caminho – 52” foi publicado como item independente em 23 de janeiro de 2024. Uma versão inicial e anônima dele faz parte da edição de novembro de 2019 de “O Teosofista”, pp. 6-7.        
 
Embora o título “Ideias ao Longo do Caminho” corresponda ao título em língua inglesa “Thoughts Along the Road”, de Carlos C. Aveline, não há uma identidade exata entre os conteúdos das duas coletâneas de pensamentos do autor. Desde 2018 a série “Thoughts Along the Road” está sendo publicada também em espanhol sob o título de “Ideas a lo Largo del Camino”.
 
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 
 
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