A Sabedoria Esotérica na
Origem do Mundo Lusófono
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
Desenho do século 14 mostrando Dom Afonso Henriques,
primeiro rei português, à direita, ao lado do seu pai, Conde Dom Henrique
 
 
 
Dom Afonso Henriques, aclamado rei de Portugal no ano de 1139, era, ele próprio, um Cavaleiro Templário desde pelo menos dez anos antes.
 
O ato da aclamação, que estabeleceu a fundação de Portugal como país independente, não foi de modo algum um fato meramente material, político ou burocrático. Havia uma visão filosófica transcendente e uma proposta espiritual em torno do surgimento da nação lusitana.
 
Helena Blavatsky afirma que os cavaleiros da Ordem do Templo eram inspirados diretamente pela sabedoria esotérica oriental. [1]
 
Nascido entre os anos de 1106 e 1111, na cidade pré-portuguesa de Guimarães, o rei Afonso Henriques viveu até 6 de dezembro de 1185. Dez anos antes da fundação do país, Dom Afonso fez um documento público ratificando sua doação do castelo de Soure à Ordem do Templo. O original do documento está hoje na Torre do Tombo, em Lisboa. A Loja Independente de Teosofistas teve acesso à sua versão digitalizada.
 
No texto oficial, Dom Afonso Henriques declara:
 
“Dou a vós Soldados do Templo de Salomão o antigo Castelo que se chama Soure (…) e esta doação faço não por mando, ou persuasão de alguém, mas por amor de Deus, e por remédio de minha alma, e de meus Pais, e pelo cordial amor que vos tenho e porque em vossa Irmandade e em todas vossas boas obras sou Irmão…..”. [2]
 
Ou seja, o futuro rei afirma que é Irmão da Ordem dos Templários.
 
Ao final da carta, consta a data de 13 de março do ano de 1167 da era de César, vigente na época. Na era cristã, que viria a ser adotada em Portugal séculos mais tarde, o ano equivale a 1129.
 
A regra primitiva da Ordem do Templo de Salomão havia sido aprovada um ano antes, em 1128, e a fundação da Ordem ocorrera em 1119. [3] É fato demonstrado que os templários estavam ativos no futuro território português desde o início da Ordem em Jerusalém. Existem numerosas evidências de que os templários cumpriram papel fundamental na criação do reino de Portugal.
 
Por outro lado, o fato de que reis eram pessoalmente membros da Ordem do Templo não é algo que se possa considerar surpreendente. No seu texto sobre os templários, Helena Blavatsky afirma que mesmo depois da brutal perseguição dos templários por parte do Vaticano – começada em 1307 – a Ordem do Templo continuava contando com diversas “cabeças coroadas”, ou seja, reis, entre seus membros: mas as atividades ocorriam em rigoroso segredo.
 
Os templários eram mestres em criptografia. Há importantes elementos comuns entre a filosofia templária, a filosofia esotérica oriental e a visão de mundo dos maçons.
 
NOTAS:
 
[1] Veja o artigo “O Mistério dos Templários”, de Helena Blavatsky.
 
[2] Transcrevemos este trecho da carta a partir do livro de 1771 “Historia da Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Christo”, do frei Bernardo da Costa. A obra foi publicada em Coimbra, na oficina de Pedro Ginioux, mercador de livros, ver pp. 157-158. Temos também acesso ao original que hoje está na Torre do Tombo.
 
[3] Evidências bem estabelecidas da data de 1119-1120 estão na obra “A Regra dos Templários”, de J. M. Upton Ward, Editora A Esfera dos Livros, Portugal, 255 pp., ver p. 13. A Encyclopaedia Britannica, edição de 1967, dá a mesma informação. Pinharanda Gomes faz afirmação idêntica em “A Regra Primitiva dos Templários” (Ed. Hugin., Lisboa, 160 pp., 1999, p. 18). Pinharanda diz que a regra de 1128 foi aprovada “no nono ano de fundação da Ordem”.
 
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O texto acima resulta de um trabalho de pesquisa feito em conjunto com Joana Maria Pinho. Uma primeira versão dele faz parte da edição de abril de 2021 de “O Teosofista”, pp. 13-15.  Foi publicado como item independente nos websites associados dia 20 de maio de 2021.
 
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 
 
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