Como a Filosofia Esotérica Interage com
a Psicologia Moderna e a Sabedoria Oriental
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
 
 
A teosofia clássica trabalha de modo interdisciplinar, isto é, combina diferentes áreas de conhecimento, procurando revelar o que há de essencial e de comum entre elas.
 
Nesta tarefa, o diálogo entre psicologia e teosofia é decisivo para os estudantes de filosofia esotérica.  
 
O campo de ação intercultural é inesgotável. Sua extensão e profundidade são difíceis de calcular. Cabe avançar calmamente na área do estudo, do debate e da pesquisa.
 
Como parte deste processo, trago aqui um esquema comparativo dos níveis de consciência no ser humano e no mundo natural.
 
O quadro tem cinco pilares:
 
1) O primeiro pilar ou coluna, à esquerda, resume verticalmente o esquema de referências da Análise Transacional.
 
 
O termo “Pai” corresponde à consciência superior ou mais elevada. Logo abaixo, o “Adulto” é o foco médio da consciência, responsável pelas decisões práticas. No nível mais básico da coluna, a Criança simboliza a consciência instintiva, subconsciente e emocional.
 
O ser humano é complexo: às vezes fala nele o Pai, ou a Mãe; a consciência da responsabilidade. Outras vezes fala a Criança, o hábito, o instinto. O equilíbrio e o bom senso são mantidos pelo Adulto.
 
2) A segunda coluna vertical indica os mesmos três níveis de consciência, mas com os nomes que recebem na psicanálise freudiana. Acima de tudo, o Superego impõe as exigências éticas. O Ego traz o equilíbrio consciente entre os níveis superiores e inferiores. Finalmente, o Id é o subconsciente, que Freud chama de “inconsciente”, e equivale ao nível instintivo.
 
3) O terceiro pilar apresenta os termos usados na teosofia original. Vemos aqui acima de tudo o eu superior (Atma-Buddhi ou Alma espiritual).
 
Na posição intermediária temos Manas, a mente. Parte de Manas responde ao que é superior, e outra parte gravita em torno do que é instintivo.
 
No nível básico, vemos o Eu Inferior. Alguns setores do eu inferior ou animal obedecem ao eu superior, a alma espiritual, enquanto outros reagem contra a luz da ética e boicotam a caminhada pelo autoconhecimento, defendendo os instintos em si mesmos.
 
4) O quarto pilar da imagem comparativa apresenta o esquema vertical da consciência planetária e interplanetária de acordo com as tradições chinesas e também a Teosofia. Aqui o Céu e o Sol correspondem ao Pai, ao Superego e ao Eu Superior dos pilares anteriores.
 
Cosmicamente, o ser humano faz a ponte entre o céu e a Terra.
 
Do mesmo modo, no mundo de cada indivíduo,  a Mente ou Manas (Teosofia), o Ego (Psicanálise) e o Adulto (Análise Transacional) fazem a ligação entre o Superior e o Inferior nos pilares anteriores.
 
A Terra é o chão, a base, o nível material da vida cósmica. O quarto pilar prepara a visão da consciência universal, intensificada no esquema final do quadro.
 
5) A quinta linha vertical resume uma visão mais complexa, que decorre do estudo da edição original da obra “A Doutrina Secreta”, de Helena Blavatsky.
 
Temos aqui, acima, o polo norte do nosso planeta, em contraposição magnética ao polo sul. O polo norte corresponde aos níveis superiores de consciência, e o polo sul, aos inferiores.
 
Alternativamente, temos o polo norte acima em contraposição ao centro da Terra, símbolo dos níveis inferiores.
 
Outra oposição magnética registrada neste pilar ocorre entre Atma, o mais elevado dos sete princípios da consciência, e sthula-sharira, a consciência física do ser individual.
 
Há também a polaridade entre o topo da cabeça e a base da coluna vertebral, no corpo humano. O organismo físico do indivíduo é considerado um resumo do planeta, tendo os seus dois polos na cabeça e na base da coluna.
 
No quinto pilar vemos a relação magnética e mística entre a estrela polar e o planeta Terra como um todo.
 
Em qualquer variante deste pilar, microcósmica ou macrocósmica, no meio dele fica sempre o Foco central do Carma.
 
O quadro acima é relativamente caleidoscópico.
 
Conforme o examinamos uma e outra vez, podemos atribuir diferentes graus de importância relativa a cada um dos seus elementos. É possível interpretá-los a partir de diversos tipos de prioridades, sendo válida qualquer uma delas.
 
O esquema também serve para ilustrar o papel auxiliar da Psicanálise e de outras formas éticas de abordagem da Psicologia no contexto vivo da pesquisa teosófica.
 
O estudo dos níveis celestes e terrestres da nossa consciência permite olhar com clareza para o processo de evolução da alma individual, assim como do planeta e do cosmo.
 
Os três níveis de evolução apontados no Quadro Comparativo estão inevitavelmente interligados no indivíduo sadio. A sua compreensão nos liberta da ignorância e reforça o compromisso ético com a vida.
 
Nos cinco pilares referenciais, o nível intermediário ou foco médio deve ser ampliado simetricamente de modo que se conheça ao mesmo tempo o inferior e o superior, o sub-humano e o supra-humano, o divino e o animal. O inferior precisa ser compreendido para que possa servir de base e instrumento na vivência do que é mais elevado.
 
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O texto “Teosofia – Comparando Esquemas Referenciais” foi publicado em nossos websites associados dia 11 de agosto de 2018.
 
Uma versão inicial do artigo acima, sem indicação de nome de autor, faz parte da edição de maio de 2017 “O Teosofista”, pp. 5 a 7. Título original: “Comparando Esquemas Referenciais”.
 
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