O Verdadeiro Santuário Não é Feito de Tijolos
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
 
 
“A Divindade está perto de ti,
está contigo, está dentro de ti!”
 
(Sêneca, ‘Cartas a Lucílio’,
Fundação Gulbenkian, Lisboa, 2004, p. 141)
 
 
“Não sabeis que sois santuário de Deus
e que o Espírito de Deus habita em vós?  (…)
Porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado.”
 
(I Coríntios 3: 16-17)
 
 
 
Para o estudante de filosofia esotérica, templos e capelas feitos de cimento e tijolo são, na melhor das hipóteses, elementos de importância secundária.
 
O verdadeiro templo está no centro da consciência do indivíduo. O estudante sabe que pode visitar a cada dia esse santuário, e que para isso deve deixar do lado de fora da porta de entrada os sapatos das preocupações materiais. 
 
Não basta recolher-se 30 minutos diariamente, usando este tempo para estudar filosofia, para ouvir a voz silenciosa da sua própria consciência, e pesquisar sobre aquilo que é inspirador para si. A lembrança do templo e a interação com ele devem ocorrer ao longo das 24 horas do dia. Deste modo o indivíduo amplia o contato com a sua consciência essencial.
 
O confronto com as verdades universais nem sempre é cômodo, e por isso muitos fogem dele. O encontro consigo mesmo é uma lição diária de modéstia. Ele mostra inevitavelmente os erros do aprendiz, e também o seu potencial positivo. A ocasião é propícia para renovar o compromisso com a arte de viver de modo correto. A humildade permite o confronto, mas a coragem é igualmente necessária. 
 
As três perguntas pitagóricas exigem honestidade:
 
* Onde foi que eu errei?
 
* No que agi corretamente? 
 
* Como posso melhorar?
 
Aqueles que se reúnem diariamente com suas consciências constroem a única base firme para a busca da felicidade. A verdadeira bem-aventurança é incondicional. Ela independe de fatos externos de curto prazo. Nela está o alicerce durável do movimento esotérico autêntico.
 
O movimento teosófico tem sua base primeira no plano celeste e na alma imortal de cada estudante. O mundo externo é o campo de testes e a lavoura a ser trabalhada pelos que plantam o bem através da vivência da sinceridade.
 
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Uma primeira versão do texto acima foi publicada na edição de julho de 2011 de “O Teosofista”.
 
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas diversas dimensões da vida.
 
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