A Alma e a Voz da Consciência São os
Verdadeiros Mestres do Cidadão Sensato
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
A cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais
 
 
 
* As dificuldades vêm até nós como punição ou como possibilidade positiva. O resultado depende da nossa atitude.
 
* Se nos queixamos diante dos fatos desagradáveis, eles passam a funcionar como mera punição, um reflexo de nossos erros anteriores, ou das limitações do carma humano atual.
 
* Se ao confrontar os obstáculos fazemos um esforço para compreender suas causas, para remover sua base original e aprender as lições espirituais que nos trazem, então as dificuldades são apenas o portal de um novo tipo superior de bênçãos. Neste caso o sofrimento é o mestre que nos impede errar, e a dor uma irmã mais velha que nos protege zelosamente da infantilidade pré-espiritual.
 
* Compreendendo o sofrimento, nos tornamos aptos para a felicidade.
 
* O contentamento não faz barulho. A imitação externa da felicidade, por outro lado, facilmente provoca angústia e frustração.
 
* Os acontecimentos importantes são frequentemente silenciosos, e ninguém pode imaginar muitas risadas, bebidas e comidas, no Presépio do Natal cristão. A quietude abre a porta para a bem-aventurança. A paz deve ser feita aqui e agora, internamente, de um modo humilde.
 
* Saber interromper as atividades externas é tão importante quanto saber atuar com força no mundo. O repouso é uma atividade meditativa fundamental. Ter a coragem de dizer “não” à multiplicação incessante de tarefas é uma forma de legítima defesa da paz e do bem-estar da alma. A vida física existe para beneficiar a alma, e não o contrário.
 
A Cega Credulidade do Cético
 
* Todo cético é um crédulo. Ele coloca uma fé infantil em histórias fantasiosas segundo as quais “o ser humano não tem alma”. Quem nega o mundo espiritual acredita, portanto, ingenuamente, no seu pobre ceticismo.
 
* No outro extremo estão os crentes cegos. Estes são céticos em relação à busca racional, autorresponsável e pensada, da verdade. Descartam sem exame todo raciocínio que seja diferente do discurso oficial adotado por sua seita.
 
* O ceticismo materialista e o fanatismo religioso andam juntos. Os dois extremos alimentam um ao outro. As igrejas dogmáticas convivem bem com a adoração do dinheiro e o descalabro ético. [1] O bom senso, por sua vez, manda questionar os irmãos gêmeos da cegueira automática, que se apresentam ora como “crentes”, ora como “descrentes”.
 
* A compreensão da verdade exige raciocínio. Pensar com lucidez requer equilíbrio. A alma e a voz da consciência são os verdadeiros mestres do cidadão sensato.
 
Ensinando Filosofia Esotérica
 
* É normal um estudante de teosofia pensar, no início, que não está capacitado para falar sobre sabedoria. A verdade, porém, é que ele está capacitado, se tiver boa vontade.
 
* Ninguém deve falar de teosofia como se fosse dono da verdade. Somos todos estudantes. O que dizemos está sujeito a reexame a qualquer momento. Porém a chave do aprendizado é acionada através da autoexpressão, isto é, na interação com os outros.
 
* Ao transmitir aquilo que sabemos, aprendemos mais. Não existe a possibilidade de aprender, primeiro, para transmitir, depois. As duas coisas são inseparáveis como os dois lados de uma moeda. [2]
 
* Deve-se começar a transmitir teosofia aos poucos, em pequena escala, e – observando os resultados de cada tentativa. A eficiência e a compreensão do ensinamento irão aumentando lentamente enquanto a experiência se acumula.
 
A Primavera da Comunidade Lusófona
 
* À medida que o Brasil continuar amadurecendo como nação e como povo, é de se esperar que dê menos atenção à ideia de imitar perpetuamente os modismos, as excentricidades e desequilíbrios da América do Norte. O Brasil poderá então descobrir Portugal. Este pequeno país europeu é mais do que a casa paterna dos brasileiros.
 
* A riqueza da filosofia portuguesa e da sua tradição mística é das maiores do mundo, e se transmite até por osmose a quem interage com a cultura lusitana. As populações dos países mais ricos do planeta são prejudicadas pelo fato de, com algumas exceções, não conhecerem a língua portuguesa e ignorarem a existência desta riqueza espiritual. Para os países da comunidade lusófona, porém, não existe a barreira do idioma. O sentido de comunhão profunda continuará crescendo gradualmente entre as comunidades que falam português.   
 
NOTAS:
 
[1] Alguns deuses monoteístas realizam, através das suas igrejas, práticas financeiras e contábeis criminosas. Esse tem sido há séculos o caso do Vaticano, sócio da máfia italiana e tradicional praticante de lavagem de dinheiro.
 
[2] Os parágrafos sobre transmissão da teosofia são adaptados de “O Teosofista”, dezembro de 2010, p. 09. O autor é o mesmo.
 
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Pequena Ação Prática
 
* Reveja o texto acima. Escolha os pontos mais úteis. Registre em um caderno de anotações aquilo que chama atenção no seu momento atual. Comente com amigos. Quando acendemos uma luz que beneficia outros, talvez sejamos nós os mais beneficiados.
 
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O artigo “Ideias ao Longo do Caminho – 48” foi publicado como item independente em 06 de julho de 2023. Uma versão inicial e anônima dele faz parte da edição de janeiro de 2019 de “O Teosofista”, pp. 4 e 5. (Na edição de dezembro de 2018, não foi publicado artigo desta série de reflexões.)    
 
Embora o título “Ideias ao Longo do Caminho” corresponda ao título em língua inglesa “Thoughts Along the Road”, de Carlos C. Aveline, não há uma identidade exata entre os conteúdos das duas coletâneas de pensamentos do autor. Desde 2018 a série “Thoughts Along the Road” está sendo publicada em espanhol sob o título de “Ideas a lo Largo del Camino”.
 
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Imprima os textos que estuda dos websites associados: com frequência a leitura em papel permite uma compreensão mais profunda. Ao estudar um texto impresso, o leitor pode sublinhar e fazer comentários manuscritos nas margens, ligando o texto à sua realidade concreta. 
 
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 
 
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